segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Quem sabe outro dia, hoje estou indo embora e não tenho hora pra voltar.."

Pela manhã, como todas as outras, acordo olho a minha volta, o quarto está sujo, garrafas de bebidas me rodeiam,  pinos de cocaína vazios sobre minha cama, coloco a melhor banda de São Paulo pra tocar enquanto a semana começa novamente, com os mesmos problemas, as mesmas vadias trocando sexo por drogas, os mesmo caros amigos chapados, passo a mão em meus cabelos, coço as costas, e o cansaço me carrega até o chuveiro, normalmente sento no chão e deixo por pelo menos 15 minutos, a aguá cair sobre minha cabeça, o efeito se foi e eu continuo ali, quieto, sem deixar meus pensamentos desçam pelo ralo.
Abro o armário as mesmas camisas, as mesmas calças, os meus tênis sujos, pego qualquer roupa, olho no espelho e não sei se meu olho está mais fundo que o buraco que minha calça carrega nos bolsos, mais um dia de trabalho, mais um dia desgraçado de estudo, e eu só quero meu final de semana novamente, cheiro a minha animação, dou uma olhada na vadia que fica falando sobre a vida do bairro, ou de como foi sua cavalgada da noite passada no marido da amiga.
Ela da um sorrisinho em seguida pergunta se estou bem com uma cara de safada pensando em 200 formas de tirar minha roupa em minutos. A respondo que sim querendo saber qual a cor da sua calcinha se é que está de calcinha.
Chego em meu serviço, toda a monotonia de sempre, as mesmas ignorantes pessoas, que me dão pena.
A hora não passa, os minutos travam e a minha paciência se vai com o toque insuportável do telefone, que me causa uma dor de cabeça terrível.
Sorrir, e atender bem os clientes, é, eu até que sou bom nisso, parece que minha vida é sorrir, independente se essa for minha verdadeira vontade, ou se eu estou contando até 10 para não arrancar as cordas vocais de qualquer um que me aparecer com um sorriso amarelo me pedindo informação.
Se vai segunda, terça, quarta, quinta, e sexta, sábado pego meu dinheiro, gasto metade com drogas, bebidas e cigarro, o resto vou até uma rodoviária, pego o primeiro ônibus que vejo a minha frente, deixo tudo pra trás, esqueço de todos, mas é claro menos o meu velho amigo que está comigo em todas, eu venho contando sobre minha semana de merda, e ele ri e só diz que a dele foi escrota também.
Chegamos ao nosso destino desconhecido, sentamos em uma calçada, rimos de coisas idiotas, bebemos tudo, usamos tudo.
Do nada seu nome me sai sem querer entre um pensamento e outro, a mesma merda, a mesma porra de bad, eu estou onde não há lembranças suas, eu sai de lá pra não me lembrar de você, eu escuto novamente sua voz,  sinto seu cheiro me envolver, eu tirei você do meu lado, mas ninguém me ensinou a tirar da minha cabeça.
Aumenta o som, me passe a garrafa e meu beck, por que hoje não quero pensar em mais nada.

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